Hoje vi um homem que caminhava calmamente em seu inevitável ócio. Ele era velho, aparentava oitenta e poucos anos. Ao observá-lo por um tempo, percebi que ele repetia por diversas vezes o mesmo percurso. Passando sempre pelo mesmo lugar, andando sempre no mesmo ritmo.
Percebi também que ele trazia em suas mãos as sandálias que ele, por razão que desconheço, preferiu tirar de seus pés. Ele repetiu esse movimento varias vezes, sempre trazendo uma sandália em cada mão. Depois de dar mais uma volta pelo caminho, vi que trazia em sua mão direita uma fruta, que ele mesmo apanhara no caminho. Percebi que foi necessário que passasse diversas vezes pelo mesmo lugar, para que algo fosse diferente. E após apanhar a fruta, o homem tomou um novo caminho.
O ser humano tem resistência à rotina, tanto quanto a mudanças. Preferimos sempre a zona de conforto, o mais viável, ou o caminho mais curto para algum lugar ou objetivo. Não percebemos que muitas vezes é necessário passar por aquele caminho. Aquele que nos incomoda, aquele que nos cansa.
Quase nunca encontraremos uma lógica nessa caminhada, mas depois que passarmos por ele e colhermos o fruto de seu aprendizado, estaremos prontos para fazer novos caminhos, enxergar novas paisagens.
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